Saturday, January 31, 2009

Firmino Marques... a candeia a seguir


O Conselho de Ministros considerou a Junta de Freguesia de São Vítor, em Braga, como uma autarquia modelo de sustentabilidade local, no âmbito de uma candidatura apresentada por mais meia centena de autarquias ao prémio de melhores práticas na administração local.

É verdade que este reconhecimento aparece como um rebuçado amargo para as autarquias quando o Governo está a apertar o garrote financeiro que retira às Juntas de freguesia a dotação financeira para pagar o vencimento dos presidentes a tempo inteiro.

Esta limitação financeira coloca em causa outras actividades das autarquias, como acção social, programas culturais e acções de lazer e desporto, no caso de S. Vítor, no valor de trinta mil euros.

O prémio acaba por ser uma contradição pois premeia aqueles que desenvolveram boas práticas, através de financiamentos em 70 por cento dos projectos e com a outra mão retira o dinheiro que também é necessário para essas boas práticas.

Apesar de muito boa gente discordar desta compensação financeira, especialmente, no que se refere ao seu montante, para os presidentes de Junta das freguesias urbanas, dado que a maioria dos investimentos e canseiras são da responsabilidade do município, a entrega deste galardão à Freguesia de S. Vítor deixa-me triplamente satisfeito.

Em primeiro lugar, vem provar que aquilo que escrevemos há alguns anos atrás, quando elogiamos a actividade de Firmino Marques como presidente da Junta de S. Vítor, não continha nenhum exagero uma vez que o escolhemos como "melhor candidato do PSD para a Câmara de Braga".

Só por ciúmes que levam à cegueira e mesquinhez de espírito dos aparelhistas se pode ter considerado a nossa análise como uma "encomenda" enviada por um serventuário, como agora está na moda para alguns definirem quem tem ideias diferentes das suas.

Em segundo lugar, é motivo de orgulho para Braga que possua dentro dos seus muros uma autarquia e um autarca que não se limita a cumprir as competências legais e vai mais longe na ajuda a resolver os problemas das pessoas e a colocar a imaginação no poder para melhor servir com diversificadas actividades que vão desde o apoio às crianças e idosos, ao lazer e promoção do património, passando pela dinamização da acções de formação e cultura que fazem da sede da Junta mais que um mini-mercado de atestados e certidões.

Em terceiro lugar, convém que este prémio não se traduza num exercício de narcisismo de quem o recebe e de ostentação do ciúme de quem vai dizer que ele não é merecido.

Por outras palavras, o prémio dá mais responsabilidade a Firmino Marques para se sentir estimulado a fazer mais e melhor.

Àqueles que o invejam, têm agora uma oportunidade se seguir a candeia de Firmino Marques. E há muitos que têm melhores edifícios-sede de Junta onde podem fazer muitas e variadas coisas bonitas para os seus eleitores.

Existem por aí alguns "palácios" bonitos por fora e sem vida lá dentro, fechados às populações, vazios de actividade e cheios de mofo que apenas provam a capacidade de alguns autarcas em esbanjar dinheiro sem qualquer proveito para quem os elegeu.

Este prémio também mostra que o que define um presidente de Junta de Freguesia não é a sua faceta de empreiteiro para lançar estas e outras obras, mas a vontade e capacidade de colocar em primeiro lugar os anseios sociais, económicos, culturais e recreativos das pessoas.

Aproveitando a oportunidade deste prémio, resta desejar e esperar que a crise social e económica constitua um excelente pretexto para acicatar uma nova maneira de encarar o exercício do poder local nas autarquias das freguesias de Braga.

Fecisco… um rusgueiro eterno



Se o seu falecimento passou injustamente despercebido, hoje, dia da missa de 7.º dia, é hora adequada para saldar uma dívida para com um ilustre bracarense; chama-se José Teixeira Gomes Machado mais conhecido como o “Fecisco”.

A ele e a Gaspar maleiro se deve a fundação da Rusga de S. Vicente de Braga, um dos mais antigos e dinâmicos baluartes da preservação e divulgação das tradições rurais de Braga.

Nascido a 30 de Outubro de 1931 em S. Vítor, corria o ano de 1965, alguns dias antes dos tradicionais festejos de São João na Ponte, o “Fecisco” tem a ideia de criar uma rusga para animar a sua participação nas festas da cidade.

Juntamente com o seu amigo Gaspar “Maleiro”, numa das suas cavaqueiras, recordam velhos tempos, as festas e romarias de antigamente: perceberam que elas perdiam qualidade e popularidade de ano para ano, minguando as Rusgas das freguesias do concelho.

Para contrariar o definhar de um dos momentos mais vivos e aguardados dos festejos sãojoaninos — o desfile rusgueiro— , organizam uma Rusga, em 1965 com o propósito de ir comer o merendeiro ao terreiro do S. João da Ponte.

Um dístico, depois um arco transportado por um casal de jovens, seguido de moças com os seus trajes de romaria e alguns pares de dançadores, com a tocata e as mulheres cantadeiras. Estava constituída a Rusga que Fecisco ampliou ao longo de 44 anos, trajada à moda camponesa de finais do século XIX, envergando os exemplares mais emblemáticos do Baixo Minho.

Elas e eles vestem trajes de trabalho e de festa ou domingueiro, merecendo especial destaque dentre estes os trajes de casal de noivos, graças à sua incomparável riqueza e beleza.

Fecisco deixa aos actuais membros da Rusga uma riquíssima herança traduzida na participação em inúmeros festivais, congressos, romarias e outros encontros festivos, levando o seu vasto repertório de danças e cantares a todas as regiões do país e da Europa.

Sete dias após a sua morte, o Fecisco continua no imaginário da cidade que o viu nascer e os bracarenses devem guardar a memória de um homem folgazão, com uma voz ímpar para cantar os malhões, as chulas e os viras.
Acima destes talentos, Fecisco animou a sua Rusga de uma paixão sem limite pela sua cidade, as suas tradições e o seu património, através de mais de 30 saraus culturais.

Onze anos após ter sido agraciado pela Câmara Municipal de Braga, com a Medalha de Mérito Municipal, Fecisco partiu mas ele é a personificação da rusga: continuará a ir, a fazer e a regressar connosco das festas.

É um rusgueiro eterno.