Monday, June 29, 2009

Braga: a noite meiga e bendita



Para lá da folia, acho que os galegos têm toda a razão, quando chamam ao arraial de S. João — porque eles também o vivem — a noite meiga e mágica, animada pelas sardinhas, pão de milho, a queimada (bagaceira especial), jogos para as crianças e bailes para os crescidos.

É mesmo um intervalo de meiguice e magia em mais de trezentos dias de árdua canseira para ganhar o sustento da sobrevivência de tantos. Estes momentos de meiguice e de magia fazem-nos tanta falta como o pão que tão caro nos custa todos os dias.

Os trabalhadores — enquanto classe — foram destacadamente dignificados na obra "O Capital" de Karl Marx, ao mesmo tempo que Paul Lafargue defendia "O direito à preguiça": a escravatura do ser humano acicatada pela revolução industrial só podia ser destruída pelos que lhe davam corpo: os trabalhadores.

Hoje, ainda dizemos, sem saber bem porquê, que algumas pessoas trabalham como galegos... mal sabendo que foi o sogro de Karl Marx quem definiu os nossos vizinhos como um exemplo dos devastadores efeitos que o trabalho causa no organismo das pessoas. Para Lafargue, era o intenso trabalho a que os galegos eram obrigados que os tornava feios, em contraste com a beleza de outros povos, como os alentejanos ou andaluzes, com a fama de preguiçosos ou lentos...

Os especialistas do nosso tempo, preferem tratar-nos como "workaólicos", ou seja, viciados ou alcoólicos do trabalho, apresentando como exemplo os japoneses que ocuparam o lugar do minhotos-galegos. São aqueles que trabalham no batente durante doze ou catorze horas, diárias.

Não é humor negro, mas a actual crise que , em tão poucos meses, criou dezenas de milhões de desempregados, é a melhor terapia de desintoxicação deste vício do trabalho a que os novos gestores — da liberdade do mercado e da economia livre — nos castigam.

Após alguns séculos de pregação da Igreja contra a liberdade sexual, teve que ser um papa — a quem todos colocam o rótulo de conservador —, Bento XVI, que nos veio alertar, mais uma vez, entre tantas vezes em que não ligamos patavina ao que os seus antecessores disseram, sobre o trabalho desenfreado não na cama, mas nas fábricas e oficinas.

É um papa alemão, povo que, entre outras famas e proveitos, goza a de ser um povo trabalhador, que nos vem propor um estilo de vida mais brasileiro, como seja, mais samba e menos trabalho. Bendito seja Benedictus XVI porque a sua condenação do trabalho desenfreado, incluindo os dias do Senhor, é algo extremamente ecuménico, uma vez que crentes e não crentes, judeus e muçulmanos, budistas e hindús, testemunhas de Jeová ou Metodistas, Luteranos ou Mórmones estão de acordo.

O trabalho dignifica o Homem mas quando o Homem se torna escravo do trabalho, passa a ser pecado uma vez que nos faz esquecer do que é importante na vida pessoal, familiar, social, cultural e da cidadania.

O ser humano não pode ser reduzido a braços ou carne para canhão — seja ele de guerra, de dinheiro ou da exploração —pois deve ser-lhe dada a oportunidade, isto é, tempo, para cultivar o espírito, nas suas dimensões culturais, religiosas, sociais e recreativas e desportivas tão necessárias a uma mente sã num corpo são.


Neste dia em que Braga atinge o fulgor das suas festas e da sua folia, o que o Bendito Bento XVI nos veio dizer, com toda a solenidade, é que o trabalho em demasia não só se torna prejudicial para o corpo como danifica a alma: o trabalho é como o bom vinho. É bom em dose moderada, mas em dose exagerada tolda o espírito do ser humano e faz dele um animal (de carga).

É caso para dizer que não há mal que venha por bem mas não há bem que nunca acabe: o trabalho começa a ser um milagre nos tempos que correm.

O S. João é uma noite meiga, mágica e bendita... palavra de Benedictus XVI.

Panoias: estacionamento enriquece o adro




Com cerca de quatrocentas famílias, a paróquia de Panoias está em festa hoje com a celebração da comunhão solene para treze crianças, num dos momentos altos da vida ao longo do ano pastoral assinalado recentemente também pela visita que o Bispo auxiliar de Braga fez a esta comunidade.

Ainda com as marcas da acção evangelizadora e promotora da dignidade humana que foi desenvolvida pelo Padre Mesquita, através da sua "universidade", Panoias também deixou de ser uma freguesia que ficava "fora de mão" para quem circulava nas principais vias do concelho de Braga embora se debata hoje com a escassez de terrenos para a construção de habitações para fixar os mais jovens. Não é esta a única razão, mas a diminuição de casamentos e de baptismos em Panoias nos últimos sete anos é também um testemunho desta situação que traduz um empobrecimento da comunidade que coloca em causa o seu crescimento.

O padre José Figueiredo dá-se conta de "um êxodo grande dos mais novos porque não se constroem casas novas" o que ajuda a explicar que. por exemplo, dos 23 baptismos celebrados em 2001 haja uma queda para oito baptismos em 2007. Esta queda não tem paralelo com o que se passa em outras freguesias onde o padre José Figueiredo de Sousa presta serviço, onde o ritmo se mantém, como é o caso de Parada de Tibães.

Pelo seu território ainda se vislumbram algumas quintas agrícolas, mas grande parte da agricultura que ainda se faz é de simples sobrevivência, até porque a maioria da sua população ganha o pão através do trabalho nas empresas têxteis, em pequenas empresas e nos serviços municipais e públicos.




A sua sala de visitas, ou seja o adro da Igreja, vai entrar em obras que profunda remodelação, aproveitando a cedência de uma parte do passal da paróquia para espaço de estacionamento, que está já em execução, num projecto desenvolvido pela Junta de Freguesia e Câmara Municipal.

Depois do parque de estacionamento, com pequenos espaços para jardim, será feito o arranjo urbanístico do adro, aproveitando a oportunidade das obras para ampliar o cemitério. Trata-se de um investimento público que a comunidade paroquial merece depois do que fez até agora para ampliar a Igreja matriz, em 2002, renová-la nos telhados da nave principal e colocando um tecto novo. No ano de 2006 foi colocado um soalho novo e reconstruído o coro alindado com um novo pára-vento que transformou a Igreja "num templo aconchegado e acolhedor".
Pela frente, a comunidade panoiense tem agora a tarefa de cuidar da talha dos altares, quer o altar-mor quer os laterais, de modo a salvaguardar aquela riqueza existente.

O património da comunidade inclui ainda a residência paroquial transformada para acolher salas para a catequese, uma pequena biblioteca doada pelo padre Mesquita, permitindo algumas condições para as aulas de catequese e instalação do cartório paroquial, além de uma pequeno salão.

A catequese envolve 150 crianças que frequentam os dez anos do catecismo, sob orientação de 17 catequistas. A estas coloca-se o desafio da formação pedagógica e doutrinária para que consigam responder às dúvidas e perguntas que as crianças fazem.

A catequese é agora uma tarefa muito exigente para os catequistas cujas crianças vêm da Escola em contraponto de valores e ensinamentos, ou seja, "os valores da escola não coincidem com os do Evangelho e aos catequistas é-lhes pedido (ou exigido?) capacidade para saberem dar as respostas a este conflito de valores e de conceitos" — refere o padre José Figueiredo que serve esta comunidade há quase três anos.

Para isso, os catequistas têm de dedicar mais tempo à preparação da catequese, ser dotados de ferramentas pedagógicas e segurança bíblica, o que se torna difícil para uma grande maioria, por falta de tempo para frequentarem acções de formação e preparação. As pessoas têm hoje as suas vidas muito ocupadas e não sobra tempo para a preparação e acções de formação.

Durante a catequese, as crianças têm uma celebração Eucarística para elas, aos sábados, às 18 horas, culminando a tarde de catequese para os mais novos, uma vez que os mais crescidos têm catequese às sextas-feiras ao fim do dia. A Missa permite também introduzir e familiarizar as crianças com a Liturgia, uma vez que são elas quem faz as leituras.

Para os mais novos, existe em Panoias um grupo de jovens que prepara a Via-Sacra na Terça-feira da Semana Santa, a partir da Legião de Maria, com adolescentes e jovens, que não está enquadrado em qualquer movimento de jovens. O padre José Figueiredo de Sousa recorda a tentativa de avançar com um "grupo mais estruturado nos Jovens em Caminhada mas a adesão não foi estimulante para continuar", mesmo com o apoio de um grupo de Jovens de Padim da Graça. Em tempos que lá vão existiu na paróquia um Grupo Coral de Jovens que também acabou, o mesmo se dizendo do Agrupamento de Escuteiros do tempo do padre Mesquita.

As celebrações dominicais são animadas pelo Grupo Coral, com cerca de 30 elementos, apesar não ter organista próximo. O organista vem da freguesia de Dume mas não pode estar nas celebrações todas nem dar apoio às Missas das Catequese.

No que se refere a Confrarias, Panoias possui a Confraria do Santíssimo Sacramento, da Senhora da Purificação e da Senhora dos Aflitos. A Confraria da Senhora da Purificação celebra a festa no dia 2 de Fevereiro, mas a devoção mais dinamizada em Panoias é a S. Vicente no último Domingo de Janeiro, com Missa Solene e pregação à tarde.

A padroeira de Panoias é a Senhora da Assunção, a 15 de Agosto, e constitui a grande festa da paróquia, destacando-se a Procissão da tarde com muitos andores e muitos figurados, a qual, saindo da Igreja, percorre várias ruas da freguesia (Escola, Pontezinha, Boucinha, Souto) e regressa à Igreja, acompanhada de banda de música, com ranchos. A festa é preparada ao longo do ano coma realização de bazares para angariar receitas.

A festa tem um momento alto no dia 14, com Procissão de Velas e arraial nocturno que vai pela noite dentro. "É uma festa muito participada" - reconhece o padre José Figueiredo.

O presépio movimentado de Natal deixou de ter condições espaciais para ser feito e foi um projecto abandonado mas a Páscoa continua a ser celebrada com o compasso de três cruzes que fazem, nas calmas, a visita pascal, dada a concentração de habitações e planura da paróquia.

Em Panoias, mas mais ligada à Junta de Freguesia, existe uma Associação de Reformados que organiza algumas festas e passeios, bem como convívios, para os quais o pároco é convidado e participa sempre que pode.

No entanto, o destaque vai para um grupo de oração que se reúne às sextas-feiras para rezar, reflectir e ler as Escrituras, bem como adorar o Santíssimo sacramento. O padre José Figueiredo de Sousa destaca o carinho das senhoras que, num gesto voluntário permanente, cuidam do embelezamento e limpeza da Igreja Paroquial, todos os sábados de manhã e"fazem-nos muito bem".


UM CRUZEIRO NUM MARCO

. O Cruzeiro de Panóias é quase único: a cruz encaixa-se num pedaço de um marco miliário, para ali levado há muitas décadas. Existe outro semelhante em Terras de Bouro, na freguesia de S. João do Campo.

O povo ainda falava de um monumento pré-histórico, alusivo às divindades da fecundidade mas quando alguém conseguiu decifrar as letras que a pedra tem inscritas em relevo, ficaram dissipadas as dúvidas: é um pedaço de um marco miliário que talvez tenha sido trazido da estrada romana de Braga em direcção a Prado até Astorga, que passava em S. Paio de Merelim.

Foi Albano Belino quem conseguiu ler o que diz no marco miliário, plantado ao contrário, aguçado em cima para destacar mais a cruz. Lá está escrito: DD NN VALENTINIANO E VALENTI FORTISSIMIS PRINCIPIBUS SEMP AUGUSTUS. Esta é a inscrição mais recente porque a mais antiga, do tempo do imperador Tibério, reza o seguinte: VIII CONSUL, V, TRIB, POTEST, XXXIV BRACARAUG.

Tuesday, June 23, 2009

Palmeira, Dume e S. Vicente querem novo pólo pastoral




D. Jorge Ortiga encerrou o programa de visitas pastorais às paróquias do concelho de Braga, em Palmeira, com uma celebração solene do sacramento da Confirmação para vinte e cinco jovens e cinco adultos, culminando uma presença que se iniciou sexta-feira com a Assembleia paroquial. Palmeira foi a primeira paróquia — há 40 anos — a fazer o compasso pascal, apenas com leigos.

O Arcebispo primaz contactou com uma comunidade bipolar — marcada pelas celebrações litúrgicas na Igreja paroquial e na Capela de S. Estêvão no lugar da Póvoa — marcada pela entrada de famílias novas para as urbanizações que vão nascendo nesta freguesia dos arredores de Braga.

A característica bipolar faz com que grande parte das pessoas do pólo da Póvoa apenas se deslocam á Igreja matriz nos baptizados ou nos funerais, uma vez que os restantes momentos da vida religiosa se desenrolam e celebram na capela de S.Estêvão.



O Padre Manuel Graça Oliveira serve Palmeira desde há pouco mais de ano e meio mas já reconhece algumas características desta comunidade onde escasseia ainda o espírito de corpo: "Isto não é negativo, mas as pessoas não têm um grande sentido de comunidade e necessidade de compromisso com a paróquia. Vão à missa a várias igrejas da cidade de Braga e por isso não há grande sentido de pertença. Aquele sentimento de afirmar "esta é a minha paróquia" ainda não existe. Porque existe muita mobilidade e há famílias novas que não eram de cá e mantêm as ligações à sua terra".

Como forma de contrariar esta característica, ganha contornos a ideia de criação ou construção de um novo centro religioso, perto do estádio novo de Braga, uma vez que as Igrejas paroquiais de S. Vicente, de Palmeira e de Dume ficam distantes.

Apesar destas características, as gentes de Palmeira têm dado provas da sua dedicação à paróquia de que é testemunho o novo Centro Comunitário pastoral, um equipamento que dotou a comunidade de espaços dignos para as actividades pastorais e sedes para os movimentos juvenis. Os compromissos assumidos com os bancos para financiar a construção estão resolvidos e restam agora pequenos compromissos com empresas privadas.



A paróquia, além do Centro Comunitário tem como património o Centro de Catequese, ao lado do cemitério, a Igreja paroquial (construída já no século XX, a partir da setecentista capela de S. Sebastião quando a antiga Igreja paroquial — no lugar de Assento — foi demolida) e as capelas do Senhor dos Milagres e de S. Estêvão, no lugar da Póvoa.

A prioridade da comunidade paroquial está agora em fazer alguns melhoramentos no telhado e na torre da Igreja paroquial, mas só depois de liquidadas as contas pendentes do Centro Comunitário. O Centro Comunitário acolhe espaços para as actividades pastorais, sede do Corpo Nacional de Escutas, salas para reuniões, auditórios e residência comunitária de sacerdotes

Com cerca de 1200 famílias que acedem à vida comunitária através de um jornal mensal — "Notícias de Palmeira —, Palmeira possui dois pólos de catequese, um na Igreja Paroquial e outro no pólo da Póvoa, em torno da capela de S. Estêvão, totalizando mais de 330 crianças. O pólo de catequese da Igreja tem 277 crianças e o da Póvoa que goza de certa autonomia tem meia centena de crianças, onde são seguidos os dez catecismos sob coordenação de 32 catequistas, de vários escalões etários, um número escasso para as necessidades.

"Faltam catequistas pois alguns grupos são muito grandes e mais formação" — admite o padre Manuel Graça Oliveira dando o exemplo da formação para a Primeira Comunhão, com 49 crianças e apenas quatro catequistas.

No que se refere à juventude, a paróquia de Palmeira possui um grupo de jovens que resulta do grupo que foi crismado no ano passado e "tem sido o motor de animação da liturgia da Missa dos sábados, alem de possuir uma forte componente de voluntariado que presta serviço no Banco Alimentar contra a Fome". Além disso, desenvolvem outras actividades.

O grande motor de unidade da juventude em torno da comunidade é constituído pelos 84 jovens que formam o agrupamento do Corpo Nacional de Escutas (CNE) que "trabalha muito bem e está bem estruturado" — sublinha o pároco de Palmeira que destaca as quatro secções que cobrem a paróquia toda.

Os mais crescidos têm o apoio da Legião de Maria, com dois pólos, um à volta da Igreja e outro na Póvoa. Este movimento de espiritualidade mariana tem uma componente sócio-caritativa através da distribuição de alimentos a agregados familiares carenciados, mediante um levantamento feito pela Junta de Freguesia e com apoio do Banco Alimentar contra a Fome. A Legião de Maria tem cerca de vinte militantes.

Se é verdade que as confrarias já não têm o dinamismo de outros tempos, Palmeira mantém ainda as irmandades do Santíssimo Sacramento, de S. Sebastião, Nossa Senhora de Fátima e Nossa senhora da Purificação (padroeira da paróquia). Por agora, vão cumprimento as obrigações estatutárias.

As celebrações litúrgicas são animadas por dois grupos corais. O Grupo Coral da paróquia, dirigido pelo Padre Sebastião Faria, "canta muito bem, com vozes bem trabalhadas e possui cerca de 40 elementos" que animam as Eucaristias em dois domingos por mês. O Grupo juvenil, dirigido e ensaiado pela Professora Mónica, é constituído por trinta elementos e anima uma Eucaristia dominical por mês.

Interessante é a festa de Natal no Domingo de Reis proporcionada pelos dois grupos que aliam a grande música sacra à música popular tradicional de sabor religioso, que são cultivadas ao longo do ano para ser mostrada e preservada nesta festividade. Nos últimos, anos, estes grupos corais mantêm um concerto de música clássica, na quadra da Páscoa, com grupos vindos de fora, como foi este ano com a participação da Capella Bracarensis e da Orquestra Sinfonieta de Braga.

No capitulo das festas, a paróquia de Palmeira vive com intensidade os festejos em honra do Senhor do Rio, com arraial popular no segundo Domingo de Maio, na capela do senhor dos Milagres, o mesmo acontecendo com a festa do Senhor da Saúde, na Póvoa, no segundo Domingo de Agosto. A Póvoa acolhe também em 26 de Dezembro a festa em honra de Santo Estêvão, titular da capela ali existente. Na Igreja Matriz, com celebrações religiosas, é assinalada a festa da padroeira, no dia 2 de Fevereiro, dia de Nossa Senhora da Purificação cuja imagem, no altar-mor, do artista Fânzeres, é lindíssima.



O mês de Maio é vivido com grande intensidade, quer na Igreja matriz quer nas duas capelas (Da Póvoa e do Senhor dos Milagres ou do Rio), encerrando com uma procissão de velas entre a Capela do senhor do Rio e a Igreja matriz.

Palmeira foi a primeira freguesia de Braga — há 40 anos, ao tempo do padre José Maria Vieira da Costa — a fazer o compasso pascal com leigos. Hoje são oito as cruzes ou compassos que percorrem a freguesia, com a particularidade de grande parte dos mordomos serem proprietários da Cruz que visita as casas. O mordomo traz a Cruz à Igreja para a bênção. É-lhe entregue no dia seguinte e durante o ano fica em sua casa.

O padre Manuel Graça Oliveira é o director de um jornal de informação e documentação, através do qual procura criar um espírito de comunidade maior. Com quatro páginas o "Notícias de Palmeira", com fotos a cores, dá conta do que mais importante acontece na vida da comunidade, desde os baptismos, funerais, desporto, actividades das associações existentes na freguesia,políticas, civis e religiosas, bem como uma rubrica sobre o passado da história da freguesia.

Aliás, a Junta de Freguesia apelou a todos os residentes que possuam contributos para que os cedam de forma a elaborar uma monografia desta freguesia.

Braga: sardinhada "puxa a brasa" ao novo Centro Social de Crespos



A paróquia de Santa Eulália de Crespos, nas margens do Cavado, concentra todos os seus esforços na conclusão do Centro Social dinamizando iniciativas de angariação de verbas, depois de realizadas as festas das comunhões e encerramento da catequese. Agora, o momento alto que vai agitar a comunidade residente e emigrante é uma sardinhada no primeiro Domingo de Agosto, como mais uma etapa para conseguir reunir oitenta mil euros que faltam para pagar as obras em curso.

Esta fase das obras constitui também uma das dores de cabeça do padre Luís Miguel Pereira que é o pároco desta comunidade com cerca de 350 famílias que se vivem em boa parte do campo, do trabalho nas indústrias e nos serviços na cidade e dá sinais de crescimento, a avaliar pelo número de crianças baptizadas.

Numa freguesia onde não se nota grande pressão do desemprego, uma vez que as empresas que a circundam se têm aguentado, o pároco nota que "os jovens que procuram o primeiro emprego são quem tem mais dificuldades. A crise não passou ao nosso lado mas não podemos dizer que seja um panorama dramático" e existe uma certa diversificação no trabalho que as famílias procuram.

"É uma paróquia que está a crescer, com as novas urbanizações, fixando os seus jovens, a natalidade em crescendo e com cerca de cem crianças na catequese" - destaca o pároco que quer ver entrar em funcionamento o centro social até ao fim deste ano.

"O Centro Social concentra agora as nossas energias e a obra está a ir bastante bem. No começo de Agosto vamos realizar uma sardinhada com os nossos emigrantes" que podem ver já a obra no site que o Centro Social possui na Net (www.centrosocialcrespos.com). Em Dezembro estará a funcionar e esperamos que a cozinha seja instalada em Setembro ou Outubro porque estamos já na instalação das especialidades de energia, gás, pichelaria e a cobertura está concluída.

Na próxima semana começam os trabalhos de alvenaria e esperamos que a Câmara Municipal vai comparticipar os arranjos exteriores. "Até fim de Agosto fica tudo pronto no que se refere à instalação das especialidades" — diz-nos o padre Luís Miguel Pereira.



A actividade pastoral propriamente dita começa com uma catequese estruturada nos dez catecismos para as cem crianças orientadas por onze catequistas cuja actividade culminou há agumas semanas com a celebração da Primeira Comuunhão para doze crianças e a comunhão solene para oito, para além de um passeio às terras de Basto.

Na recente visita pastoral, em 10 de Maio, foram crismados onze jovens. A catequese foi animada ao longo do ano com as iniciativas desenvolvidas no âmbito da zona pastoral, com celebração do início do ano, uma Quaresma pautada por S. Paulo com a sua mensagem e as viagens missionárias e a as celebrações do Dia do Pai e da Mãe em que as crianças brindaram os seus progenitores com pequenas lembranças executadas na catequese.

Poderoso é o Grupo de Escuteiros com os seus 60 adolescentes e jovens que participa nas iniciativas e celebrações da paróquia, como são o mês de Maio, a peregrinação ao Sameiro, a animação musical de uma eucaristia mensal, o encerramento do compasso pascal, a reza do Terço em Maio, por secções, e procissão final, a realização da Via-Sacra em Sexta-feira santa (entre a Igreja e a Capela do Enchido), para além de um "grupo coral jeitoso" — destaca o padre Luís Miguel.

No que se refere a grupos corais, a paróquia de Crespos possui o Coro adulto, com cerca de 20 elementos ensaiado pelo artífice de arte sacra João que se prepara para a realização do seu convívio anual, em Julho — que anima as Eucaristias de Domingo, e também um Grupo Juvenil, com cerca de trinta vozes, ensaiado pela coordenadora da catequese, Elisabete, que anima três Eucaristias mensais, aos sábados. É um grupo formado a partir das crianças da Catequese.

Os adultos participam na vida e actividades das quatro Confrarias existentes em Crespos, a começar pela Confraria das Almas, com o seu jubileu no quarto Domingo de Novembro (com confissões, Eucaristia e canto de laudes), prosseguindo com a de Nossa Senhora do Rosário, com a sua festa em Outubro e apoio à reza do terço no mês de Maio.

A Confraria do Santíssimo Sacramento responsabiliza~-se pela organização do Lausperene, em Abril, bem como dinamiza a Procissão de Passos, de dois em dois anos, no quinto domingo da Quaresma. Esta procissão realizava-se de quatro em quatro anos antigamente. Sai da Igreja e percorre diversos lugares da Freguesia onde são instalados quadros da Via-Sacra, com encenação da Paixão, anúncios da Verónica, Sermão do Encontro junto à Capela de Santo Amaro e regressa á Igreja paroquial. É um momento de grande participação da comunidade e o padre Luís Pereira não esquece uma palavra de especial apreço para as zeladoras no arranjo, ornamentação e limpeza da igreja paroquial e dos objectos de culto pois "são muito cuidadosas e dedicadas".

Finalmente, a Confraria dos Passos que tem a sede na Capela do Padrão (a precisar de restauro dadas as infiltrações de humidade), unto à estrada nacional.

O S. Amaro constitui o ex-libris festivo da paróquia de Crespos, numa acção do Conselho Económico que decorre em 15 de Janeiro e no fim-de-semana a seguir, envolvendo duas capelas, a de S. Amaro novo e a de S. Amaro velho, em que "o povo anda de uma capela para a outra, venerando assim o discípulo de S. Bento (Amaro novo) e o abade de França (Amaro velho). A Capela de S. Amaro novo foi construída com as pedras da Capela de S. Miguel-o-Anjo, nas margens do Cávado e pertence à paróquia, ao passo que a Capela de S. Amaro velho é particular.

Festa importante é a da padroeira, a mártir Santa Eulália, celebrada no terceiro Domingo de Agosto, com arraial popular e lembrada no seu dia litúrgico, a 10 de Dezembro, com Missa solenizada.

No que se refere a tradições religiosas, o compasso realiza-se com três cruzes em que os mordomos se oferecem para esta tarefa — existem candidatos para os próximos anos — e recebem a Cruz no dia do pentecostes. No fim do dia, as cruzes recolhem junto à Capela do Padrão e seguem em procissão até à Igreja paroquial, onde é celebrada missa festiva.

No que se refere ao património da Paróquia, além da Igreja paroquial, bem conservada, a comunidade possui as Capelas de S. Amaro (novo) e do padrão, uma residência paroquial, cujo rés-do-chão é aproveitado para salas de catequese e um salão onde são desenvolvidas reuniões e actividades culturais (podendo projectar filmes). No que se refere a investimentos, neste momento, a comunidade concentra todo o seu esforço de partilha no Centro social.

Wednesday, June 10, 2009

Braga: Teatro combate indiferença



O oposto do amor não é nenhum ódio, é a indiferença. O oposto de arte não é o feio, é a indiferença. O oposto de fé não é nenhuma heresia, é a indiferença. E o oposto da vida não é a morte, é a indiferença.

Estas palavras de Elie Wiesel  um judeu romeno e sobrevivente dos campos de concentração nazis, a que o Comité norueguês do Nobel da Paz chamou-o de "mensageiro para a humanidade”, aplicam-se perfeitamente ao Grupo de Teatro S. João Bosco.

 Este grupo é constituído por seminaristas, e está a encenar a peça «Paulo de Tarso». Esta exibição decorre no auditório do Seminário Nossa Senhora da Conceição, em Braga – hoje, amanhã e sábado pelas 21h30 e no Domingo pelas 15h30, com entrada livre.

«Paulo de Tarso» é uma obra dramática, composta por uma forte dinâmica musical e multimédia, e representa o primeiro trabalho inteiramente original e inédito deste Grupo de Teatro São João Bosco.

Conversão, discurso no Areópago, Paulo na prisão, encontro com Lídia e viagem para Roma são alguns dos momentos representados com a apresentação da peça intercalada por cerca de 20 músicas originais. 

Eis um projecto que — decorridos mais de 40 anos desde a fundação deste grupo de teatro e em pleno ano da comemoração bimilenar do nascimento de São Paulo — constitui um passo em frente na qualidade do trabalho desta equipa de jovens, sempre ao serviço da animação cultural.

Este trabalho cênico, para além da qualidade garantida por tantos anos de trabalho, mostra uma faceta linda do Grupo de Teatro São João Bosco.

A APPACDM —Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental — é a destinatária dos os donativos que o grupo receber deste espectáculo. 

Para cooperarem com a APPACDM, os espectadores podem adquirir a gravação da peça, por um preço simbólico de partilha fraterna e de amizade.

A solidariedade é o sentimento que melhor exprime o respeito pela dignidade humana e os elementos do Grupo de Teatro S. João Bosco cumprem à risca este preceito de Franz Kafka se os espectadores não forem indiferentes à partilha.