Tuesday, July 5, 2011

Falhanço do país engabinetado




Nas últimas semanas foi notícia o lamento de um empresário do interior do país que quer expandir a sua empresa mas não encontra gente para trabalhar.

Alguns virão já a corer a dizer que este empresário quer operários que trabalhem de graça ou paguem para trabalhar, mas sosseguem que não é o caso.

Não é o caso da Insercol, uma empresa da metalomecânica, em Moimenta da Beira, distrito de Viseu, que tem suspenso um investimento superior a milhão e meio de euros.

Por isso, o empresário João Guedes não aceita de bom grado a palavra crise porque “trabalho não falta”, o que falta “é gente para trabalhar”.

Esta empresa de referência na área da metalomecânica, tem um volume de negócios médio superior a quatro milhões de euros e registou no ano passado registado um crescimento de 30 por cento no volume de negócios e aumentou em mais de 20 por cento os recursos humanos.

Esta empresa quer investir “pelo menos” 1,5 milhões de euros em tecnologia de ponta e não sabe como fazê-lo, por não encontrar disponível mão de obra que permita a garantia da rentabilidade do investimento.

Quando Portugal vive momentos dramáticos com um desemprego medonho, ficamos intrigados por haver quem gosta de ter gente para trabalhar e não encontra, pagando ordenados que, em média, ultrapassam os 1.100 euros.

Metade dos trabalhadores vêm de fora de Moimenta de Beira e do distrito de Viseu, nomedamente de Aveiro e Porto.

Não basta construir auto-estradas para o interior agora, quando passamos décadas a estimular a desertificação do interior.
Está aqui o resultado de uma governação que durante séculos apenas lhou pel umbigo do país e desprezou os estímulos à maternidade.

Está aqui a prova de um plano nacional de formação profissional onde, depois de extinguir o ensino profissional, se gastaram milhões e milhões de euros do Fundo Social Europeu para dotar os jovens de cursos de papel, computador e lapis, esquecendo a agricultura e a indústria.

Num país que compra quase oitenta por cento do que come e enche os discursos com apoios à exportação, fica aqui um exemplo de uma empresa que precisa mais de operários do que incentivos para vender para fora.

Os planos de formação profissional engabinetados geraram um país com escassez de técnicos intermédios, a verdadeira alavanca que impedirá o falhanço desta Nação.

Há muito mais Portugal para além dos computadores.

Amartya Sen: um grito no deserto?



Na catadupa de notícias sobre PEC e crise da Líbia, um Doutoramento na Universidade de Coimbra, foi silenciado pela generalidade das televisões e só uma lhe deu direito a uma nota de rodapé, para contextualizar declarações do Alto-Comissário para os Refugiados das Nações Unidas.

É importante que se fale da situação da Líbia, mas é igualmente importante que se falasse do Doutoramento “Honoris Causa” do Prof. Amartya Sen.

Amartya Sen é um dos mais eminentes humanistas e cientistas da economia do Séc. XX e veremos se não o será também do séc. XXI, enquanto académico brilhante, comprometido com o Mundo.

Amartya Sen foi prémio Nobel da Economia em 1998 mas, mais importante são as razões que levaram à atribuição do prémio. Sen é na Academia quem, pelo seu pensamento, mais fez para a compreensão da pobreza, das desigualdades, do emprego e dos efeitos da sua existência para o exercício dos direitos humanos, da liberdade e da justiça.

Todas as suas obras constituem um marco, no avanço da ciência económica e do desenvolvimento humano. Para eles, os mercados não se auto regulam. Para terem um papel útil necessitam da intervenção da “política”. Como teve tanta razão na recente crise financeira! E no entanto, continua a ser desprezado.

O tão popularizado “Índice de Desenvolvimento Humano” tem origem nos trabalhos por ele promovidos no início dos anos 90: constituiu e constitui um critério que ainda não encontrou substituto, para avaliar o progresso humano, nos diferentes países.

Sen demonstra-nos que a ciência económica não é uma tecnocracia e ela só tem sentido se existir para dar resposta aos problemas de todas as pessoas e não apenas de algumas pessoas.

Como é possível? Só é possível num mundo que tenha a ética e a solidariedade como valores orientadores e não como valores subordinados.

Vale a pena incitar à leitura do seu livro “A Ideia de Justiça” (acabado de ser publicado em português). É que, na sua abordagem à justiça, marca um compasso ímpar para aqueles que lutam contra a injustiça por todo o mundo — comenta Philppe Van Parijs, da Universidade de Lovain

Sen demonstra toda a força do seu pensamento brilhante e juízo moral — acrescenta o Financial Times enquanto o Sunday Times afirma que este livro é “para quem gosta de discussões inteligentes longe de lugares comuns”.

O Jornal The Times define Sen como um dos grandes pensadores da nossa era.

Vejam o que estamos a perder, ignorando-o.

Justiça: afinal havia outro défice!


Um copianço generalizado num teste do curso de auditores de Justiça do Centro de Estudos Judiciários — futuros magistrados do Ministério Público — constitui a prova de que há muita gente que só pretende honras sem qualquer pingo de honra.

Como a emenda é pior que o soneto, a direcção do Centro de Estudos Judiciários, numa decisão corporativa que nos faz recuar 40 anos, após a anulação do teste, optou por dar nota positiva (10 valores) a todos os futuros magistrados.

Ou seja, para s futuros magistrados do Ministério Público, o crime compensou. Querem melhor retrato da justiça portuguesa, ele aí está, confirmado pela Direcção do Centro de Estudos Judiciários.

Num despacho assinado pela diretora do CEJ, a desembargadora Ana Luísa Geraldes, a que a agência Lusa teve acesso, comprova o crime: na correcção do teste “verificou-se a existência de respostas coincidentes em vários grupos” de alunos da mesma sala.

O documento indica que, em alguns grupos, “a esmagadora maioria dos testes” tinha “muitas respostas parecidas ou mesmo iguais”, constatando-se que todos os alunos erraram em certas questões.

No despacho é dito que as perguntas erradas nem eram as mais difíceis do teste, tendo-se verificado o inverso: numa das questões mais difíceis ninguém falhou.

Perante o copianço da turma, que fez a direcção do CEJ? Decidiu “anular o teste em causa, atribuindo a todos os auditores de Justiça a classificação final de 10 valores” em Investigação Criminal e Gestão do Inquérito.

Não estamos a falar de adolescentes cuja consciência ética está em formação. Estes senhores e senhoras são adultos, alguns com anos de exercício de advocacia, cuja ética e deontologia profissional fica assim desmascarada.

Vitor Hugo diria que estas pessoas vêem as regras de honra como se olham as estrelas, de longe.

A principal missão do Centro de Estudos Judiciários é a formação de magistrados judiciais e do Ministério Público para os tribunais judiciais e para os tribunais administrativos e fiscais.

Numa instituição a sério, estes “meninos e meninas” que copiaram tinham nota zero, porque é o que eles valem quer em sabedoria, em competência e em honestidade. É por estas e por outras que este país não sai da estaca zero.

Quando é que estes figurões se apercebem que se estáo a enganar, em primeiro lugar, a si mesmos?

Nunca, porque isso não se copia.

Wednesday, June 1, 2011

Hospital de Braga despreza Dadores de sangue

O Novo Hospital de Braga esqueceu um pequenino direito que os Dadores de Sangue possuíam, na entrada no Hospital.

Para quem dá o melhor de si, o ouro vermelho, para os nossos hospitais, o gesto da Administração é, no mínimo, uma grande desconsideração e deselegância (males para os quais não há medicamentos nem cirurgias...)

A denúncia foi feita por João Nogueira, presidente da Junta de Freguesia de Gualtar, eleito pelo PS, na última edição do programa "Debaixo d'Arcada", na Rádio de Braga Antena Minho, quinta-feira, às 19 horas, com re-emissão no começo da noite, às zero horas.

Também os presidentes da Junta de freguesia da Sé, António Sousa, eleito pela CDU, e de S. Vítor, Firmino Marques, eleito pelo PSD/CDS/PPM, se debruçaram sobre este tema, como pode ver em



http://www.antena-minho.pt/podcast.php?p=1471

É mais um exemplo da redução das pessoas a números e uma prova da desumanidade na prestação de cuidados de saúde, pelas regras do mercado (privados).

Submissão americana sem pestanejar



A maior parte das notícias do mundo vêm de fontes dos Estados Unidos da America, diz no seu “Ultime notizie sul giornalismo”, Furio Colombo, professor na Columbia University, de Nova Iorque.

Para este autor, os mais elementares princípios do jornalismo são destronados hora a hora, em directo, por meras considerações comerciais voyeuristas.

Também Neil Postman afirma que televisão mudou a maneira como o acesso à informação e à cultura é concebido: cobertura da actualidade transforma-se em espectáculo, de longa duração, em tempo real, com os eventos programados do casamento de Londres e da cerimónia religiosa em Roma, as celebrações de Fátima ou a Final de Dublin.

Pode chamar-se informação, no sentido jornalístico da palavra, às coberturas propostas pelas televisões dos eventos de Londres, de Fátima, de Dublin e de Roma? Não. São manifestações encenadas e submetidas a repetição, obedecendo a guarda-roupas, publicidade e a guiões estritos?
É a nova chapa de chumbo totalitária das democracias... que Aldous Huxley tão bem descreveu.


Os Estados Unidos conseguiram instalar-se no centro da circulação da informação e nos negócios (que geram informação que convém) numa luta desigual pela supremacia de uma moeda mundial, em que o Euro começa a ficar de gatas neste combate onde vale tudo.

Os americanos pretendem impor ao que resta (do resto) do mundo os seus critérios de resolução da crise que, em grande parte não preveniram e causaram, e em consequência, as regras da informação.

Justiceiros da moral das figuras públicas, os jornalistas viraram pastores evangélicos e os editores bispos dos “mass media” e da política, numa perigosa convergência entre jornalismo e moral conservadora. As leis da República ou da Democracia foram imoladas no altar dos mandamentos morais.

Joseph Pulitzer é um aprendiz comparado com o que se faz hoje, sabendo como todos sabemos que o sensacionalismo em torno da sexualidade faz vender papel e alargar audiências.

É neste cenário ideológico que tem mais de religioso que republicano e muito menos sã democracia, que se enquadra a prisão do director geral do FMI.

Ele pôs-se a jeito para ser a estrela de um colossal espectáculo mediático, para o qual a televisão americana já nos educou ao longo de décadas de séries policiais.

O total desprezo pela presunção de inocência a que todo o cidadão tem direito, faz com que não consigamos hoje distinguir uma série policial de um telejornal. Ambos os géneros têm audiências porque expõem ao mundo a humilhação directa de um homem algemado e sob escolta policial.

Amestrados por décadas de informação-espectáculo, também os europeus foram incapazes de parar um segundo e embarcaram práticas desavergonhadas e indignas da deontologia profissional sob a qual se escudam para legitimarem o direito à informação e à liberdade de imprensa.

Perante este espectáculo indecoroso, só um caminho: só uma deontologia e uma ética profissional afrontam televisões e internet vindos de países onde são pouco ou nada respeitadas.
É aí que podemos marcar a diferença. Será que o desejamos?

Saturday, April 23, 2011

Braga: a "Burrinha" já saía no século XIX


A Procissão da Burrinha é organizada, desde 1998, pela Paróquia e pela Junta de Freguesia de S. Victor, mas Camilo Castelo Branco já fala dela em meados do séc. XIX — revelou o "Correio do Minho" na sua edição de 20.04.2011, p.10.

Hoje à noite, a procissão repete o seu itinerário mas carregada com esta nova dimensão secular: igreja de S. Victor, Largo da Senhora-a-Branca, Avenida Central, Largo de S. Francisco, Rua dos Capelistas, Jardim de Santa Bárbara, Rua do Souto, Largo do Barão de S. Martinho, Avenida Central, Largo da Senhora-a-Branca, igreja de S. Victor.

A “Procissão da Burrinha” regressou à Semana Santa em 1998, após uma suspensão de 25 anos. Na altura em que foi suspensa, realizava-se na noite de Sábado Santo, entre a igreja de São Victor e a da Misericórdia, através de uma colectânea de quadros do Serviço Nacional de Informação (Ministério do Turismo do Governo de então) que todos os anos eram trazidos para Braga e levados para Lisboa.

Procissão da Burrinha”, assim chamada por nela se incorporar uma imagem da Santíssima Virgem, montando um franzino jerico.

Também na página oficial da Junta de Freguesia de S. Vitor se pode ler que este majestoso Cortejo, organizado desde 1998 pela Paróquia e pela Junta de Freguesia de S. Victor, vai criando raízes e transmitindo de geração em geração, envolvendo as Autoridades locais e Religiosas numa colaboração ímpar que envolve mais de 1200 pessoas. A qualidade da figuração, é sempre renovada pelo esmerado empe-nho das zelosas costureiras da terra.

Elas fazem jus ao labor com que as suas mãos trabalham e assim manifestam com prazer a sua arte.
E fazem-no como homenagem àqueles que já no século XIX organizavam esta peregrinação pelas ruas da Roma Portuguesa na Semana Maior.

Nos últimos anos, foi recuperada e antecipada para a Quarta-feira da Semana Santa uma procissão que se realizava na noite de Sábado Santo: a “Procissão da Burrinha”, assim chamada por nela se incorporar uma imagem da Santíssima Virgem, montando um franzino jerico. Esta procissão constitui hoje um dos mais conseguidos momentos catequéticos da Semana Santa.

Famosa já no século XIX

Em “A Brasileira de Prazins”, o último grande romance de Camilo Castelo Branco, escrito por volta de 1880, em volta de Marta, filha de um lavrador mediano que tinha em Pernambuco um irmão rico de quem dizia o diabo.

“A rapariga conversou diversos mancebos, uns da lavoura, outros da arte, e, afinal, quando o pai lhe negociava o casamento com um pedreiro, mestre-de-obras, muito endinheirado e já maduro, apareceu o José Dias, filho de um lavrador rico de Vilalva, a namoriscá-la. Este rapaz estudava latim para clérigo; mas, como era fraco, de poucas carnes e amarelo, o cirurgião disse ao pai que o moço não lhe fazia bem puxar pelas memórias”.

Situando agora a acção em pleno Minho, Camilo Castelo Branco escreve: “ Naquele ano, por meado de 1845, espalhara-se no ambiente dos realistas, como um aroma de jardins floridos, o boato de que vinha o Sr. D. Miguel. O seu enorme partido sentia-se palpitar no anseio daqueles vagos anelos que estremeciam as nações pagãs ao avizinhar-se o profetizado aparecimento do Messias. Afirmam-no os Santos Padres, e os padres do Minho asseveravam o mesmo a respeito do príncipe proscrito.
Frei Gervásio recebia do alto da província cartas misteriosas de uns padres que paroquiavam na Póvoa de Lanhoso e Vieira. Era ali o foco latente do apostolado. Naqueles estábulos de ignorância supersticiosa é que devia aparecer, pelos modos, o presépio do novo redentor
.”

Depois dos fantásticos capítulos da Corte de Calvos, em que o falso D. Miguel, aparece a “despachar” os assuntos do reino, chegamos ao Capítulo XVI de “A Brasileira de Prazins” que nos interessa.

Na janela gótica do velho edifício da época de D. Afonso IV estava D. Miguel I assistindo ao desfilar do seu exército vencedor, em que havia muitas músicas marciais, de fulgurantes trompas, tocando o Rei-chegou; e o abade de Calvos, dentro de um carroção e vestido de pontifical, borrifava o povo com hissopadas de água benta, cantando o Bendito. As tropas estendiam-se até Barcelinhos, e pelo Cávado abaixo velejavam muitos barquinhos embandeirados de galhardetes com as bandas musicais de Santiago de Antas de Ruivães tocando a Cana-verde e Água leva o regadinho. Num desses bergantins com pavilhão de colchas vermelhas vinha sentada a irmã do padre Roque, mestre de latim, com os seus óculos, a fazer meia; e ao lado dela, vestida de cetim branco e borzeguins vermelhos dourados, com os cabelos soltos, vestida como os anjos da procissão da Senhora da Burrinha em Braga, a Marta de Prazins” (Capítulo XVI, parágrafo 25).
Coloca-se agora a dúvida: os acontecimentos remontam a meado de 1845 mas foram escritos em 1882.

Camilo apreciava o rigor de Arnaldo Gama, ao ponto de o classificar como “o primeiro romancista histórico”, mas não sabemos se esta comparação “como os anjos da procissão da Senhora da Burrinha” se funda na memória do autor ou se também se situa cronologicamente. Nas duas hipóteses, a procissão da Burrinha já era um cortejo muito popular em meados do século XIX. Mesmo que anacronicamente, Camilo situe este episódio, na décda de 40 do século XIX, nos tempos em que escreveu o livro (1882).

Seja qual for a hipótese que escolhamos, pelo menos em 1882, já se impunha em todo o minho a Procissão da Burrinha em Braga à qual Camilo assistiu quando vinha de Seide a Braga ou ainda na sua juventude, (1853 a 1863) quando andou foragido à justiça (por causa dos amores com Ana Plácido) na sua juventude, por Guimarães e Braga, o que nos remete para a existência notada desta Procissão em meados do século XIX.

Em Mafra e Alenquer: por que não em Braga?

Em Mafra, tal como em Braga, oficialmente a procissão chama-se de Nossa Senhora das Dores (das 7 dores) e foi instituída em 1725 quando foi fundada a Irmandade do Santíssimo Sacramento de Mafra que tem por função promover a cerimónia. Perde-se nos tempos o momento em que o povo decidiu rebaptizá-la de Senhora da Burrinha. Desde esse dia a procissão foi incorporada pelo povo e tornou-se mais sentida. Logo, mais verdadeira.

Em Portugal só em Mafra se encontra uma imagem representando a fuga para o Egipto. Em Espanha há algumas representações (poucas) mas em Portugal só em Mafra.

A Senhora da Burrinha devia ser mais celebrada e divulgada, como património exclusivo.
No Brasil, Angra dos Reis tem uma festa cheia de músicas, danças, procissões, passeatas e tradições seculares, e as figuras folclóricas da burrinha, vaca malhada, e bate moleque fazem parte dos festejos animando diversas passeatas pela cidade, junto com o Menino Imperador.

De origem portuguesa, a festa nasceu em Alenquer, no século XIV, chegando a Angra dos Reis, no século XVII. Durante o apogeu do ciclo do ouro, no século XVIII, a festa recebeu novos elementos enriquecendo e oficializando a realeza do Imperador do Divino Espírito Santo, representado por um menino escolhido entre as famílias da região.

Mais pormenores em
www.mafrahoje.pt/pt/articles/cultura/senhora-da-burrinha-e-afinal-a-fuga-de-maria-para-o-egipto.


Burrinha
simboliza
libertação
e alegria

A Burrinha é muito importante e está na vida diária em todo o Brasil. Manuel Correia de Andrade, geógrafo que nasceu em Vicência, afirma que nenhum animal foi mais importante na formação do Brasil que as mulas ou burros. Eles são animais de forte ‘personalidade’ e difíceis de serem domados, mas são resistentes e por isso sempre foram usados para o transporte de cargas.
As burras, vez por outra, empacavam e por teimosia não saíam do lugar, pois sua personalidade forte exige que sejam respeitadas e gostam de serem tratadas com carinho. No carnaval feito pelo povo as burrinhas tinham o seu lugar e são muito admiradas pelas crianças que gostam de brincar com elas, mesmo sabendo que elas saem correndo e pondo todo mundo a correr. Em Angra dos Reis a festa acontece na segunda-feira após a Semana Santa.

A data dos festejos em Angra está ligada à escravidão. Os senhores de escravos da época moravam em fazendas nos arredores onde os negros cultivavam a terra e trabalhavam nos engenhos. Esses senhores possuíam casas na cidade, que usavam quando tinham que ver algum negócio, tratar de alguma enfermidade ou assistir às festas religiosas, como é o caso da Semana Santa. Aproveitando-se da situação em que os senhores estavam envolvidos nas suas actividades religiosas, os negros transferiram a festa para a primeira segunda-feira após a Páscoa.

Também no Minho, temos sinais desse carinho com a burrinha. Na fonte da pegadinha da Senhora, no monte d’Assaia, ou da Saia, em Barcelos, vê-se a marca da ferradura da burra que a levou para o Egipto. Em Sátão (Viseu), no cimo de um penedo, vemos as pegadas da burrinha de Nossa Senhora; o mesmo acontece na fraga da burrinha em Souto Maior (Sabrosa) e nas pegadas da burrinha de Nossa Senhora em Vilar de Perdizes (Montalegre).

Numa outra fraga da Senhora da Serra, em Rebordãos (Bragança), as gravuras rupestres foram interpretadas como as ferraduras da burrinha que levou Nossa Senhora para o Egipto. Em Rebordelo (Vinhais), a burra de Nossa Senhora - que nela viera de Espanha, fugindo aos mouros - deixou nos rochedos as marcas das suas patas.

Barcelos: Encourados renasce para a cultura


A acção de dois irmãos (o arq. Mário e eng. Sérgio Costa), em parceria com mais cinco Juntas de Freguesia de Barcelos está a transformar Encourados num pólo dinamizador de cultura erudita e popular. Agora foi a apresentação de um romance histórico que fala da freguesia e da recolha de canções tradicionais interpretadas por um grupo feminino.

O dia 16 de Abril foi grande para esta freguesia de Encourados, que contou com o apoio presencial da vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Barcelos, Armandina Saleiro, e começou com um roteiro paisagístico-literário com base no romance histórico de Arnaldo Gama “O Sargento-Mor de Vilar”.

Depois das 18 horas, na antiga escola primaria foi apresentado o livro “O Sargento Mor de Vilar”, numa reedição da Opera Omnia, com prefácio de Vale Figueiredo, um entusiasta da história das artes relacionadas com as invasões francesas. O romance de Arnaldo Gama retrata, com extremo rigor e fundamentação histórica, episódios das invasões de Soult, em 1810, vividos nestas freguesias de Barcelos (Bastuço, Airó, Areias de Vilar, Martim e Encourados).

O arq. Mário Esteves da Costa abriu a sessão de apresentação deste livro do “nosso primeiro romancista histórico” — com o escreveu Camilo Castelo Branco – dando a conhecer este projecto cultural e turístico que envolve as freguesias situadas nas fraldas da Serra de Airó e agradeceu o empenho que a vereadora da Câmara lhe tem dedicado.

A meta deste trabalho aponta para a criação de uma Associação cultural cujo embrião é um grupo de recolha e interpretação de antigas canções que acompanhavam os trabalhadores nas suas lides rurais. Mário Costa deu conta da recolha de umas 40 cantigas e algumas delas foram interpretadas ontem.

A elaboração de um roteiro literário e turístico através do livro de Arnaldo Gama envolve as freguesias num projecto de rentabilização dos recursos patrimoniais naturais e arquitectónicos.

Na sua intervenção, Armandina Saleiro considerou “este projecto muito interessante para esta área do concelho de Barcelos” e prometeu continuar a “apostar nesta área” agradecendo “o empenho e dedicação tão grande a este projecto que dinamiza parcerias com varas freguesias”.



O romance O Sargento-Mor de Vilar, de Arnaldo Gama, retrata as invasões francesas de 1809, conduzidas pelo general Soult no Norte do país, e a resistência do povo português. “Esta edição vem retirar a poeira que se abateu sobre Arnaldo Gama” — sustentou Valle Figueiredo que o definiu como “obra emblemática do romance histórico e da Guerra Peninsular”.

Em paralelo com “O Segredo do Abade”, localizado em Guimarães, este é um dos primeiros romances sobre as invasões francesas, cuja literatura inspira uma exposição ontem inaugurada apos a apresentação do livro.

Na exposição podem ver-se capas das principais obras literárias sobre este conflito, nas quais se vêem obras várias de Camilo, o primeiro a dar tratamento ficcional às invasões.

Valle Figueiredo recordou que “O Sargento Mor de Vilar” foi adaptado a teatro representado em reais de Vilar em 1972 mas já tinha sido estreado no princípio do século passado no Teatro Gil Vicente.

José Manuel Costa não escondeu a sua alegria por associar esta edição a "um roteiro turístico e cultural, uma vez que estamos perante uma obra que pode alimentar este projecto e “não merecia estar esquecida”.

No plano da intriga romanesca, a obra narra os amores atribulados, mas com final feliz, entre Luís Vasques, o jovem fidalgo de Encourados, e Camila de Vilalobos, a filha do Sargento-Mor de Vilar.
 Esta obra registou diversas edições ao longo do século XIX e também no século XX.

Oscar Lopes destaca a mais valia desta obra quando escreve que “a [sua] melhor obra é “O Sargento-mor de Vilar”. Arnaldo Gama destaca-se(…) como escrupuloso descritor do meio histórico onde situa os seus enredos”.

Arnaldo Gama foi, sem dúvida, o Autor que mais contribuiu para a difusão romanesca da Guerra Penínsular com o "Sargento-Mor de Vilar" (1863), que conheceu sucessivas edições, conquistando uma popularidade que o situa como o principal representante desta temática do Romance Histórico.

Da festa na Cónega (ameaçada) aos censos incompletos

As dificuldades crescentes de encontrar mordomos e apoios para a Festa da Páscoa na Cónega, em Braga, foi um dos temas do último programa "Debaixo d'Arcada", na rádio Antena Minho, emitido na passada Quinta-feira Santa.

Nesta tertúlia participam os presidentes de Junta de freguesia da Sé (CDU), S. Vítor (CDS/PSD) e Gualtar (PS) e foram debatidos temas como a actual crise política e o 25 de Abril.

Pode ouvir o programa, se não teve oportunidade,
em http://www.antena-minho.pt/podcast.php#

Friday, March 25, 2011

Imperdível: Ministério da Justiça desrespeita Tribunal e gera desespero em Braga

O Centro Distrital de Braga da Segurança Social recusa o subsídio de desemprego a três mulheres que trabalharam no Tribunal Judicial de Braga (entre 1996 e 2007) porque este, apesar de condenado pelo Tribunal de Trabalho e da Relação do Porto, se recusa a emitir a declaração necessária.

Quatro anos de calvário se passaram nesta situação kafkiana inacreditável e inaceitável.

Uma das trabalhadoras (a quem o Tribunal de Braga desrespeitou, despedindo-a ilicitamente e não cumprindo a Sentença de outros Tribunais) foi despejada pelo Tribunal de Braga de sua casa.

Os factos são narrados pelo Presidente de Junta de Freguesia da Sé. António Sousa, no último programa "Debaixo d'Arcada, emitido às quintas-feiras na Rádio Antena Minho, 106 Mhz.

Pode ouvir em www.antena-minho.pt na secção podcast.

http://www.antena-minho.pt/podcasts.php#

No "D. Diogo de Sousa": Floresta determina cor dos nossos animais



O ser humano não sobrevive sem as outras espécies animais e vegetais e a floresta é a maior fonte de biodiversidade, determinando inclusivamente a cor dos animais: estas três máximas científicas foram reafirmadas ontem, em Braga, pelo prof. Catedrático Jubilado da Faculdades de Ciências da Universidade de Coimbra, Jorge Paiva.

O professor, com uma capacidade de comunicação divertida notável, deixou boquiabertos os alunos do Colégio Dom Digo de Sousa durante uma palestra sobre a “Floresta portuguesa e biodiversidade” que assinalou o Dia Mundial da Água neste Ano Internacional da Floresta.

Comparando o corpo humano a um motor que precisa de combustível para fazer a combustão e produzir energia, o prof. Jorge Paiva disse que “o nosso corpo está cheio de motores biológicos que precisam de combustível (comida) que tanto vamos buscar aos animais (leite e carne e peixe) como às plantas (sumos e cereais)”. São várias as fontes (biodiversidade) de combustível para o nosso corpo — a biodiversidade é, assim imprescindível para sobrevivermos” — adiantou o prof. de Ciências Botânicas.

Se é verdade que um corpo animal (humano) cresce, um carro não (mantém sempre o mesmo tamanho) pelo que a fonte de crescimento deve-se à divisão das células que precisam de energia e proteínas (carne e peixe), cujo azoto tóxico é libertado pela urina.

A propósito dos tóxicos que o corpo humano liberta, Jorge Paiva escandalizou os alunos quando revelou que, no “tempo do nosso Viriato, eles bebiam urina para curar doenças e mesmo agora quando uma ferida ganha pus num dedo, se metermos os dedos em urina, a ferida cura-se”.

As plantas também libertam azoto — depois de expostas ao sol que é a sua fonte de energia — e a indústria farmacêutica aproveita os seus restos tóxicos para medicamentos.

Assim, continua o professor de ciências botânicas, “se, os outros seres vivos não tínhamos comida, medicamentos, roupa, mobílias, etc., não sobrevivíamos”.

Neste capítulo, é de primeira importância a biomassa (conjunto de todas as plantas) para alimentar os animais e nós nos alimentarmos delas e deles. Na Terra existem zonas onde as árvores produzem biomassa todo o ano (folhas perenes ou persistentes) e por isso é que há mais animais na floresta que num pardo.

Desta constatação nasce a “necessidade de proteger as florestas porque é aí que há mais biomassa e se fabrica mais oxigênio” — explicou Jorge Paiva afirmando que a floresta da Amazônia é responsável por 40 por cento do oxigénio que a terra precisa.



Cor das plantas determina
a cor dos nossos animais


Geradora de gargalhada admirada foi a segunda parte da palestra, quando Jorge Paiva demonstrou que a cor predominante das árvores da floresta mediterrânica (de filha caduca, amarelecida ou acastanhada) determina a cor dos animais da nossa floresta, todos pardos acastanhados.

Jorge Paiva destacou a biodiversidade da floresta portuguesa, mais rica que a do resto da Europa, compreendendo-se a preocupação da Europa em a proteger. Uma floresta de uma só espécie favorece a progressão dos incêndios e da doenças. Portugal tem uma floresta de carvalhais (apesar do avanço com pinheiro e eucaliptos por acção humana), árvores de folha caduca que dão frutos castanhos e as árvores de folha perene tem frutos coloridos.

Grande parte da nossa floresta foi devorada para lenha e para barcos, seguindo-se a invasão dos pomares. Aquelas árvores que não davam bons frutos davam para fazer gamelas, vimes para a cestaria e tamancos. “Nós vivíamos da floresta, onde existe uma enorme variedade de micro-organismos caçadores de bactérias, de plantas, musgos, fetos, urzes, cogumelos, etc., e com a sua destruição estão a aparecer novas doenças”.

Numa floresta de carvalhais, a cor dos frutos e folhas acastanha-se e os animais que nela habitam e aí se alimentam são castanhos. Socorrendo-se de fotografias, Jorge Paiva apresentou uma série deliciosa de exemplos: esquilo, javali, cabra, urso, raposa, etc. Em Portugal são acastanhados e nas zonas de neve são... brancos.

Friday, March 4, 2011

Arquitecto da Química na UM extasia "D. Diogo de Sousa"





Três alunos do Colégio D. Diogo de Sousa escolheram o casal de cientistas Raquel e Hernâni Maia para deliciar os seus colegas do ensino secundário no âmbito do concurso nacional “Se eu fosse um cientista”. A esposa dedica-se à história da ciência e ele é o verdadeiro arquitecto da química na Universidade do Minho.

No âmbito do Ano Internacional da Química os alunos Manuel Pinho, Ana Rita Fernandes e José Carlos Martins escolheram um cientista (neste caso um casal) para estudar a vida e obra dele(s) e participam neste concurso que vai na segunda fase que consiste num vídeo sobre a “angústia do cientista”.

Eles formam o grupo Novélios – do décimo ao 12.º ano -, coordenados pela Prof. Ana Sofia Vila-Chã e proporcionaram a tarde de segunda-feira um retrato autobiográfico deste casal de cientistas, em que o marido, Hernâni, é o pai da Biotecnologia da Universidade do Minho, após uma adolescência dividida entre o desenho (arquitectura) e as ciências.

Acabou por desistir do desenho (sem nunca o largar) quando ficou fascinado pelo livro “A Origem da Vida” de Stanley Miller que evitou que fosse o pior aluno da turma...

A caminhada de Hernâni Maia incluiu a engenharia química na Universidade do Porto, com 20 valores em Química Orgânica, em 1957,o que lhe abriu as portas para investigação nos aminoácidos e péptidos. Experiência se misturaram na sua vida, como radiografia industrial do arco que suporta a Ponte Arrábida, no Porto, ou deixar esta Universidade e concluir o curso em Coimbra e montar laboratórios e bibliotecas universitárias ou escrever manuais para os alunos.

Na década de 60 vive em Luanda até ler o livro que lhe muda a vida em 1966 e leva para a Universidade de Exeter onde esteve cinco anos. Em 1971, como membro de “The Chemical Society” cria a licenciatura em Química na Universidade de Luanda, sendo o arquitecto do Instituto de Química.

Com o 25 de Abril regressa a Portugal sem emprego e é convidado pela Universidade do Minho para criar a Escola de Química Orgânica, cujos laboratórios desenha, nos pavilhões da Rodovia. Em 1983 organiza em Braga o 1.º encontro sobre a Origem da Vida, com 400 pessoas de todo o mundo, que deixa estupefacto o químico orgânico da NASA, Cyril Ponnamperuna, e contribui para a entrada de Portugal na Comissão Europeia de Péptidos.

Com as instalações definitivas, é ele quem desenha os laboratórios e mobiliário para o Departamento de Química da UM e consegue um financiamento de 1700 mil euros para equipamentos de Biotecnologia e Química Fina da escola bracarense.
No ano de 1993 organiza em Braga o 23.º Simpósio Europeu de Péptidos, com 1200 especialistas de 37 países, antes de participar num projecto europeu que envolve seis universidades e quatro empresas.

Dez anos depois orienta o primeiro mestrado sobre a Origem da vida na UM e em 2006 a sua jubilação estimula um Simpósio onde se reconhece que a Escola de Química Orgânica e o seu centro de investigação são excelentes para as organizações internacionais.

Agora, Hernâni Lopes da Silva Maia, nascido no Porto, em 31 de Março de 1936, dedica-se a escrever livros sobre “A origem da Vida” enquanto a sua equação inicial das moléculas dos péptidos – que o levou a Exeter – era resolvida por uma das suas alunas, uma angolana.



E a Raquel Maia?

Raquel Maria da Cruz Gonçalves Maia, esposa de Hernâni, é doutorada em Química e Professora Catedrática da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa desde 1995, Departamento de Química e Bioquímica.

Entre os autores portugueses de livros de ciência mais produtivos avulta o nome desta professora de Química da Universidade de Lisboa que fez as delícias dos alunos do “secundário” que encheram o auditório do Colégio Dom Diogo de Sousa para a ouvir.

Além de manuais de ciência pura e dura (“Cinética Química”, 1986, com Lídia Albuquerque), ela é autora de livros de divulgação da ciência (“Diálogo sobre os Dois Principais Sistemas do Mundo”, 1998, e “Histórias com Sentidos”, 2002, ), de filosofia da ciência (“Ciência, pós-Ciência e mega-Ciência”, 1991), e de história da ciência (“O Legado de Prometeu”, 2006, e “Laboratórios de Química em Portugal”, 1998, com Ana Luísa Janeira e Maria Estela Guedes).

Como se tudo isso fosse pouco é também autora de alguns romances (“Elementos Alquímicos”, 1995; “Para além da Impressão”, 1996; e “Contos de Azul e Terra”, com Risoleta Pinto Pedro).

Pois acaba de sair mais um volume da mesma autora que pode ser classificado na história das ciências, embora também o possa ser na divulgação científica.

O título “O Legado de Nobel” é parecido com o anterior “O Legado de Prometeu”, mas o subtítulo é agora “Perfis da Ciência do Século XX (1900-1959)” em vez de “Uma Viagem na História das Ciências”.

O foco centra-se na atribuição do primeiro Nobel embora só alguns deles receberam o Prémio Nobel: de facto, dos 18 nomes só sete beneficiaram dos favores da glória outorgada pela Academia Sueca (os médicos Karl Landsteiner, descobridor dos grupos sanguíneos, e Thomas Morgan, descobridor dos genes, os químicos Linus Pauling, teórico da ligação química, Dorothy Hodgkin, descobridora das estruturas do colesterol, penicilina e vitamina B12, e Willard Libby, inventor da datação por carbono14, e os físicos John Bardeen, inventor do transístor e teórico da supercondutividade, e Charles Townes, inventor do maser); os outros bem poderiam ter tido o Nobel, mas por uma a razão ou por outra (por exemplo, por a respectiva área não ter direito a prémio) não o tiveram (os químicos Leo Baekeland, inventor do plástico, e Wallace Carothers, inventor do nylon, o geólogo Alfred Wegener, descobridor da deriva dos continentes, o antropólogo Raymond Dart, descobridor do “Australopithecus”, o astrofísico Georges Lemaître, teórico do “Big Bang”, a física Lise Meitner, teórica da cisão nuclear, e o físico Frank Oppenheimer, “pai” das primeiras bombas atómicas, o engenheiro Konrad Zuse, pioneiro da computação, a química Rosalind Franklin, pioneira da estrutura do DNA, o médico Jonas Salk, descobridor da vacina da poliomelite, e o físico e escritor Charles Snow, autor da tese das “duas culturas”).

Em paralelo com a sua actividade de investigação na área da Química, a Epistemologia, a História das Ciências e a Divulgação Científica têm suscitado o seu vivo interesse ao ponto de “criar discípulos” e ter “netos científicos”.

Desde 1994, leccionou disciplinas de âmbito científico-cultural, de que se destacam Ética das Ciências e das Técnicas, História das Ideias em Química, História das Ciências e Ciência na História (Licenciaturas em Química, Ensino da Física e da Química - Variante Química e Bioquímica).

De 2003-2006, leccionou, em colaboração, no curso de Mestrado/Especialização na Universidade do Minho Evolução e origem da vida, as disciplinas História das Ideias, Filosofia das Ciências e Temas Interdisciplinares.

De 2004 a 2007, colaborou na leccionação de várias disciplinas do curso de Mestrado/Especialização Química aplicada ao património cultural (2004-2007).

Desde 1999, é colaboradora permanente do JL. Jornal de Letras, Artes e Ideias, tendo tido a seu cargo a coluna Ciência e Sociedade.

Semana Santa "aquece" Roma Portuguesa






«Oito concertos, um espectáculo de "ballet" e dez exposições. São estes os eventos culturais que integram o programa oficial da "Quaresma e Solenidades da Semana Santa de Braga 2011", que abre na Quarta-feira de Cinzas, 9 de Março, e encerra no domingo de Páscoa, 24 de Abril.

O programa mantém intacto o seu cariz religioso, sendo que muitos dos actos religiosos podem também ser encarados como culturais, dependendo da intenção de quem neles participa.

O esforço da Comissão da Semana Santa em conter os gastos não beliscou o programa cultural que conta com o envolvimento de "forças vivas" da cidade. Dos oito concertos programados, o cónego Jorge Coutinho, presidente da Comissão da Semana Santa, destacou dois: o que acontece a 19 de Abril, na Sé, com o Coro da Sé Catedral do Porto, com orquestra e solistas; e o que se vai realizar, a 15 de Abril, na igreja de São Marcos, um Requiem de Mozart, pela Orquestra de Câmara do Distrito de Braga e Coro da Associação de Pais do Conservatório Calouste Gulbenkian.

O espectáculo de "ballet" acontece a 7 de Abril, no auditório Vita. Intitulado ‘Compasso’, é protagonizado por alunos do Colégio Teresiano de Braga.

Exposições em Braga e não só

Quanto a exposições, são dez as que se realizam no contexto da Semana Santa de Braga, nem todas nesta cidade. ‘Dos escombros à luz’, uma exposição alusiva à paixão e Páscoa, fica patente, de 9 de Março a 30 de Abril, no Museu Pio XII.

‘Paixão do barro’ decorre de 15 a 22 de Abril, no Tesouro-Museu da Sé de Braga. A Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva mostra, de 15 a 26 de Abril, a exposição de fotografias ‘A Semana Santa de Braga’.

De 8 a 30 de Abril, a Casa dos Crivos mostra ‘Relicários na História da Igreja’.

‘A alegria cristã tem as suas raízes com forma de Cruz’ é o título da exposição de pintura a óleo do artista Casanova, patente de 9 a 29 de Abril, no Convento de Montariol. Ainda em Braga, a Junta de São Vítor terá patente a mostra ‘Cristo Crucificado’.

Na ala lateral da Catedral de Tuy, na Galiza, estará patente a exposição ‘Procissão de Nossa Senhora da Burrinha... e do Povo de Deus’, uma mostra que reúne imagens dos fotógrafos bracarenses Sérgio Freitas e Nuno Veiga. Para ver de 12 a 29 de Abril.

Também fora de Braga, na Biblioteca Professor Machado Vilela, em Vila Verde, decorrerá uma exposição de fotografia de Carlos Ribeiro, intitulada ‘Alguns dos momentos importantes da Semana Santa de Braga’.

A estas há ainda a juntar a habitual exposição que o centro comercial Braga Parque promove e ainda uma mostra itinerante sobre a Semana Santa de Braga que irá passar por várias cidades portuguesas.

Programa religioso de 16 a 24 de Abril

É com a trasladação da imagem do Senhor dos Passos da Igreja de Santa Cruz para a Igreja do Seminário que se iniciam as celebrações religiosas da Semana Santa de Braga, na noite de 16 de Abril.

No domingo de Ramos, dia 17, realiza-se a Bênção e Procissão dos Ramos e a Procissão dos Passos e Sermão do Encontro.

O cortejo bíblico ‘Vós Sereis o Meu Povo’/Procissão de Nossa Senhora da Burrinha está marcada para 20 de Abril, em São Vítor.

Na Quinta-feira Santa, dia 21 de Abril, destaque para a Missa Crismal e Bênção dos Santos Óleos e para a Procissão do Senhor ‘Ecce Homo’.

A Procissão do Enterro do Senhor é, como habitualmente, na Sexta-feira Santa.

No dia 24, celebra-se a Missa Solene do Domingo de Páscoa».

Tuesday, February 15, 2011

Em Bouro — 'Coração de algodão': a música nos poemas




Transformar um poema numa música da autoria de um dos maiores cantores portugueses é o sonho de qualquer escritor e João Luís Dias concretizou-o, com a parceria de Pedro Barroso, o “trovador português”.

Essa alegria nasceu no salão nobre da Câmara Municipal de Terras de Bouro, na apresentação do livro “Coração de Algodão” escrito pelo operário do intercâmbio literário galaico-minhoto, através da editora e clube Calidum.

Aliás, isso mesmo foi sublinhado por Joaquim Cracel, presidente do Município terrabourense, que patrocinou a edição, quando deu os “parabéns” ao cronista, editor e poeta João Luís Dias pelo trabalho que tem feito na divulgação de escritores de um e de outro lado da Portela do Homem.

João luís Dias é um exemplo desse diálogo cultural que merece o reconhecimento dos terrabourenses” – destacou o autarca que estava acompanhado do seu homólogo de Lóvios, Lamela Bautista.

O autarca galego lamentou que não exista na sua terra o mesmo dinamismo e agradeceu à Calidum o que tem feito pelos autores galegos fazendo com que “a fronteira da Portela do Homem não exista ou seja uma ferida que está cicatrizada”.

Dirigindo-se ao autor de “Coração de algodão”, Lamela Bautista agradeceu a “oportunidade que nos dá para aprender coisas” pois com “pessoas assim não há adormecimento cultural. Sinto-me na minha casa”.

Cometendo a sua maior loucura automobilística – vir de Santarém a Terras de Bouro e voltar à cidade escalabitana no mesmo dia -, Pedro Barroso testemunhou o apreço que tem por este livro, para o qual assinou o prefácio.

O “trovador português” (que anseia por um espectáculo no Teatro Circo de Braga depois de tanto ter pedido a sua recuperação) descreveu “Coração de algodão” como “um momento enorme de paixão e homenagem à natureza geresiana” e o título “traduz a fase por que o poeta João Luís está a passar”.

Crítico mordaz da forma como Portugal (mal)trata os seus artistas, por comparação com o que se faz em outros países europeus, Pedro Barroso revelou que, no seu próximo CD, a sair lá para Novembro, vai incluir uma canção sua feita sobre um poema extraído do livro “Coração de Algodão”.

Na sala cheia, onde se viam os anteriores presidentes da Câmara Municipal, José Araújo e António Afonso, os amigos e admiradores de João Luís Dias ouviram o jornalista Costa Guimarães – numa intervenção com muita ironia e realismo - acicatar-lhes o apetite de ler estes 108 poemas porque “um livro só é um livro se for lido”.

A sessão terminou com o grupo musical da Calidum interpretar alguns poemas musicados pelo Manuel Afonso enquanto Pedro Barroso nos deliciava com o espectacular “Ti voglio bene”.


Debaixo d'Arcada — a rádio interactiva




Na passada semana, a tertúlia "Debaixo d'Arcada" transmitiu alguns reparos feitos por alguns ouvintes às considerações feitas por um dos (p)residentes, sobre o blogue Bracarae Auguste, às 19 horas, às ondas da Rádio Antena Minho, em 106 MHz.

A Casa do Areal, os serviços de urgência ou da morte no Hospital e redução de fregueias foram outros temas trazidos pelos mais lídimos representantes da democracia, os presidentes de Junta.

António Sousa, presidente da Junta de Freguesia da Sé, eleito pela CDU

Firmino Marques, presidente de S. Vitor, eleito pela Coligação PSD/CDS/PPM

João Nogueira, presidente de Gualtar, eleito pelo PS.

O programa é enriquecido com este blogue, onde os nossos leitores ouvintes podem participar, alimentando a interactividade com os nossos comentadores.

No blogue, além de outros assuntos sobre Braga, pode ouvir o programa, se não o pôde escutar à hora em que foi emitido, apesar da sua reemissão, às zero horas de sexta-feira.

Para saber mais, se não teve oportunidade de ouvir os últimos, vá até
http://www.antena-minho.pt e clique em podcast onde estão os últimos programas.

E nesta quinta-feira há mais, sempre às 19 horas e às 24 horas, em 106 Mhz.

Wednesday, February 2, 2011

Correio do Minho tem mais de cem anos


A última crónica sobre o centenário da República — cf. jornal Maria da Fonte, 28.01 2011 — não pode terminar com uma descoberta resultante das leituras em que tropeçamos ao longo destas 50 semanas: o jornal Correio do Minho tem mais de cem anos.

Esta certeza desmonta todas as escritas feitas até hoje, incluindo por nós próprios.

No dia 6 de Julho de 1926 aparece um diário em Braga com o nome do jornal que “anos antes surgira vinculado ao Partido Progressista e que agora renasce noutro contexto” — escreve Amadeu José Campos Sousa in “Braga no entardecer da Monarquia ao tempo da 1.ª República (1890-1926), Casa do Professor, Braga, 2004, p. 208.

O esse jornal é “Correio do Minho”, cuja data de fundação tem vindo a ser celebrada é 6 de Julho de 1926.

A partir desta nota de rodapé — sem a sagacidade técnica de um historiador que não somos — verifica-mos que o nome “Correio de Braga” surgiu em 1890 e terá sido um jornal que durou pouco tempo.
O nome “Correio do Minho” aparece associado ao Partido Progressista que dominava o círculo eleitoral de Braga desde 1897 e é perfeitamente natural que tivesse um meio de comunicação social que divulgasse as suas propostas políticas e as figuras proeminentes.

Um meio do Partido Progressista

A última década do século XIX é dominada em Braga pelo Partido Progressista (cf. Commercio do Minho,n.º 3401, de 10/12/1895) que retoma o poder em Braga nos anos 1898 a 1905, coincidindo com o poder em Lisboa.

Sabe-se que quem liderava o Partido Progressista eram proprietários, comerciantes, industriais, financeiros ou profissões liberais que dominavam a Associação Comercial, o Banco do Minho, o Ateneu Comercial, a Companhia de Seguros Fraternidade, e alguns padres, sob a liderança do Conde de Carcavelos (cf. Amadeu Sousa, in op. cit. p. 81-83) em substituição do Visconde da Torre (que se mudara para os Regeneradores).

Há referências ao jornal Correio do Minho, ligado ao Partido Progressista nos anos 1902 até 1907, no auge do domínio daquele partido em Braga. Este partido sofre uma cisão em 1897 e cria o seu jornal “O Progressista”.

A divisão deve ter acelerado a morte deste jornal e do “Correio do Minho” porque, em 1910, Braga possuía seis semanários, um bissemanário e um trissemanário, mas já não existe nem “O Progressista” nem o “Correio do Minho” (cf. Zara Coelho, in A Implantação da República na Imprensa de Braga, Lisboa, 1990, p. 100-120).

Sabe-se que o jornal “Correio do Minho” existiu — como bissemanário? — entre 1902 e 1907, ano em que se extinguiu — ao serviço do Partido Progressista e o seu nome (fresco na memória de Álvaro Pipa, militante daquele Partido) é repescado em 1926 por este farmacêutico da Rua do Souto.

O Chefe de Redacção do jornal Diário do Minho era assumidamente antifascista. Com a revolução de 28 de Maio de 1926, os administradores do Diário do Minho — a empresa Minho Gráfico — demitem-no a 3 de Julho.

O Director Álvaro Pipa, durante dois anos, já se tinha demitido no dia 2 de Junho: “saio pela porta. Pela janela não, porque não sou nem nunca fui acrobata".

No dia 3 de Julho de 1926, Constantino Ribeiro Coelho (chefe de redacção do Diário do Minho) proclama solidariedade com o Director e é acompanhado por três jornalistas (Bento Miguel Costa, Theotónio Gonçalves e Joaquim d’Oliveira Costa (cf. Amadeu José Campos de Sousa, op. cit. p. 208).
Três dias depois ressuscitava o jornal Correio do Minho...

Lampreia: um manjar de... abades




A certificação da lampreia do rio Minho que já era um petisco ímpar e muito apreciado pelos frades dos mosteiros instalados nas suas margens, nos séculos XII e XIII é uma tarefa prioritária para os municípios do Vale do Minho.

A Adriminho, o Aqua-museu de Cerveira, a Universidade de Aveiro e Francisco Sampaio constituem os principais actores na concretização deste projecto que passa também por estimular a constituição de uma confraria.
Isto mesmo foi anunciado na apresentação da segunda edição do festival de gastronomia e cultura que anima todos os fins de semana de Fevereiro e Março nos municípios banhados por este rio.

Ao mesmo tempo, os seis municípios promotores (Valença, Paredes de Coura, Caminha, Vila Nova de Cerveira, Monção, Melgaço) querem unir esforços para promover a cultura e a tradição do Vale do Minho.

Francisco Sampaio, antigo presidente da Região de Turismo do Alto Minho, pai dos fins-de-semana Gastronômicos, revelou alguns passos deste processo cm base nas normas europeias.

Francisco Sampaio lamentou o atraso porque a França conseguiu em Nairóbi, em Dezembro, aprovar a culinária dos produtos regionais e “nós ficamos parados”, uma vez que já em 2000, podíamos ter avançado com este projecto.

Já temos uma parte importante através do Aquo-museu de Vila Nova de Cerveira, na parte científica do rio Minho, com a Escola Abel Salazar. A dúvida é saber se a lampreia do rio Minho tem especificidades próprias para dizermos que é única ou se ela é igual à lampreia de outros rios até Vila Real de Santo António” — começou por lembrar o antigo dirigente do turismo minhoto.

Está em estudo mas falta a denominação de Origem Protegida embora o que é mais rápido é o IGP — Identificação Geográfica Protegida para “o rio Minho todo”, a nível europeu.

Os pescadores de Galiza e os minhotos estão “de acordo, através de uma agrafe com um selo de garantia com um número que é colocado em todos os exemplares pescados no rio Minho”.
“É muitíssimo bom que isso possa acontecer em breve”



Outra questão europeia refere-se às “Especialidades Tradicionais Garantidas” — ETG — e aqui, como no arroz de sarrabulho (de porco bísaro)ou o pica-no-chão, o eurodeputado José Manuel Fernandes está a colaborar neste processo para “termos o nosso prato da lampreia, arroz de lampreia, melhor que a lampreia à bordalesa, que é o mais tradicional”.

Aqui exige-se que os restaurantes aderentes — cerca de uma centena mas bastam uns 40 — purifiquem a receita de modo a ser apresentado um “prato padrão” aceite por todos os restaurantes, a ser definido por cozinheiras mais antigas.

Foi este trabalho que Francisco Sampaio fez: deixou as cozinhas e foi para as bibliotecas e descobriu nos mosteiros de Santa Maria da Ínsua, (Caminha), S. Paio, em Ganfei (Valença), em Longos Vales (Monção), Paderne e Fiães (Melgaço) e até em Rubiães (Paredes de Coura) todos consumiam lampreia e tinham pesqueiras a partir da Lapela, em Monção.

Os pescadores ofereciam aos abades destes mosteiros as primícias, as primeiras lampreias pescadas.

Certificar a lampreia do rio Minho e estimular a constituição de uma confraria são os dois objectivos centrais da segunda edição do festival de gastronomia e cultura que anima todos os fins de semana de Fevereiro e Março nos municípios banhados por este rio.

O certame “Lampreia do rio Minho — um prato de excelência” foi apresentado no Castelo de Santiago da Barra, em Viana do Castelo, pela Adri-minho e Entidade de Turismo Porto e Norte de Portugal, cujo presidente traçou como desafio tornar “o Vale do Minho um destino gastronômico de excelência”.

Melchior Moreira estava acompanhado pelos presidentes e representantes dos seis municípios envolvidos nesta operação e sustentou que este programa quer “aumentar a procura turística deste território, valorizar a gastronomia, dinamizar agentes locais e implementar estratégias supra-municipais de valorização de um recurso local com forte impacto na economia”.

Lampreia,
cultura,
recreio
e artes


Ao mesmo tempo, os seis municípios promotores (Valença, Paredes de Coura, Caminha, Vila Nova de Cerveira, Monção, Melgaço) querem unir esforços para promover a cultura e a tradição do Vale do Minho.

A este programa aderiram cerca de uma centena de restaurantes daqueles concelhos onde os turistas são desafiados a “descobrir um rio de experiências e a deixar-se seduzir por uma corrente de emoções”.

A iniciativa é acompanhada de uma brochura que inclui os restaurantes aderentes e a programação cultural e desportiva que anima cada um dos seis concelhos ao longo dos dois meses.

A Adriminho, através de Maria José Codesso sublinhou que este projecto “vai de encontro às expectativas dos municípios do Vale do Minho”.
A vereadora melgacense reafirmou a vontade de criar a Confraria da Lampreia para defender a gastronomia tradicional com base num produto único”.

Mais assertivo foi o presidente da Câmara de Valença quando disse que “se a lampreia não é o melhor prato do mundo, passa agora a sê-lo” com estes fins-de-semana que são uma aposta para continuar”.

Estamos a promover uma região e um produto comum a todos nós” — advertiu Paulo Pereira, vereador da Câmara de Caminha, concelho que oferece um festival de doçaria a acompanhar degustação da lampreia.

Uma região “culturalmente mais rica e a certificação da lampreia do rio Minho” é o desejo de Sandra Pontedeira, da Câmara de Vila Nova de Cerveira que também saudou os pes-cadores do rio Minho porque eles também “tem valorizado a lampreia” numa terra de artes, musica e teatro para oferecer aos seus visitantes.

Augusto Domingues, da Câmara de Monção, elogiou esta parceria dos seis municípios pois “somos mais fortes para defender o que é bom”. No caso de Monção, Augusto Domingues sugeriu “ o melhor vinho do mundo para acompanhar o melhor prato do mundo e nos levar ao êxtase” e uma chave d’ouro, a 34.ª edição do Rally da lampreia, a 27 de Fevereiro.

Por sua vez, Manuel Monteiro, representante do único município sem rio Minho, Paredes de Coura, compensa ao dizer que “somos os melhores apreciadores da lampreia e os nossos restaurantes respondem à nossa exigência” num concelho que possui a truta, o museu regional, “os percursos terrestres, as rotas do xisto num festival de verde disponível para acolher bem quem nos visita”.

No final da apresentação do programa, a Escola Profissional ETAP brindou os convidados com um show cooking de lampreia, sob orientação da Chefe Helena Costa.

Wednesday, January 5, 2011

Tertúlia regressa à rádio Antena Minho


Após uma semana de interregno, por causa da quadra natalícia, a tertúlia "Debaixo d'Arcada" regressa amanhã, às 19 horas, às ondas da Rádio Antena Minho, em 106 MHz.

O balanço de 2010 e uma projecção do ano novo são os temas para amanhã numa conversa em que participam os mais lídimos representantes da democracia, os presidentes de Junta.
São eles,

António Sousa,

presidente da Junta de Freguesia da Sé, eleito pela CDU

Firmino Marques,

presidente de S. Vitor, eleito pela Coligação PSD/CDS/PPM

João Nogueira,

presidente de Gualtar, eleito pelo PS.

O programa é enriquecido com este blogue, onde os nossos leitores ouvintes podem participar, alimentando a interactividade com os nossos comentadores.

No blogue, além de outros assuntos sobre Braga, pode ouvir o programa, se não o pôde escutar à hora em que foi emitido, apesar da sua reemissão, às zero horas de sexta-feira.

Para saber mais, se não teve oportunidade de ouvir os últimos, vá até
http://w3.antena-minho.pt e clique em podcast onde estão os últimos programas.

Liberdade de ensino ou do lucro?



Com a decisão do Governo, através do ministério da Educação, após diálogo dinamizado pela presidência da República, acabou a pior campanha a favor do ensino privado, em especial de algumas escolas ditas católicas.

Em jeito de declaração de interesses, para quem me lê, Deus dá-me a possibilidade de pagar integralmente os meus impostos e, ao mesmo tempo, poder optar por ter os meus gémeos, numa escola privada católica. Não recebem um cêntimo de apoio do Estado, nem subsídio para computadores Magalhães ou quejandos, muito menos cheque dentista. Outra observação. O que escrevo nada tem a ver com as cooperativas de ensino, uma das melhores manisfestações da cidadania e da democracia participativa.

Os meus filhos têm a sorte de aprender a ler, escrever, contar, trabalhar num computador, jogar futebol, ter educação física e natação em piscina coberta e aquecida, aprender inglês e outras actividades sem andar com a mochila de anás para caifás e custam-me – os dois 4.500 euros por ano — 2.250 euros cada um, anualmente. A escola deles é uma das melhores de Portugal e não precisa de publicidade.

Feita a declaração de intereses – só para dizer que sei sobre o que escrevo – vamos ao que interessa ao bolso dos portugueses que pagam impostos.

O Governo garantiu que a verba de 80 080 euros por ano e por turma definida para as escolas privadas com contrato de associação corresponde ao financiamento do ensino público de nível e grau equivalente.

Actualmente existem 93 escolas privadas com contrato de associação, que abrangem um total de 2120 turmas. Multipliquemos 2.120 turmas, por defeito, por vinte alunos.

Por defeito, multipliquemos todos os alunos por 3300 euros, um preço muito acima do custo dos alunos da escola frequentada pelos meus filhotes. Como dizia, o enorme António Guterres, agora é so fazer as contas…

A Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular (AEEP) queria 3750 euros por aluno e por ano… em nome de quê? Não era em nome da liberdade de ensino (para os pais e para as crianças).

Só se for em nome do lucro obsceno de alguns proprietários de escolas privadas, quando todos os portugueses são estimulados a gastar menos.

Parece que, muitos deles invocando o santo nome de Deus em vão e outros a constitucional liberdade dos pais, não estão para aí virados.

Não mereciam esta benesse do Estado.

P.S. Foto dos alunos de fotografia da ETAP - V. N. Cerveira

Cozinhar é uma forma de amar os outros



O Porto e Norte de Portugal vão mostrar uma das suas formas de amar quem os visitam até Junho, com os fins-de-semana gastronómicos que começam Domingo em Guimarães e em Montalegre: o bacalhau com broa e o cozido à barrosã a abrir com rabanadas e doce de abóbora a fechar.

A iniciativa foi apresentada no Paço dos Duques de Bragança em Guimarães pelo presidente da Entidade Regional de Turismo Porto e Norte de Portugal tendo como lançamento a frase “cozinhar é uma forma de amar os outros, além de outras coisas que não vêm nos livros”.

Numa sessão presidida por Amadeu Portilha, vereador do Turismo de Guimarães, estiveram presentes autarcas representativos dos 72 municípios aderentes (contra 60 em 2010) e cozinheiros, chefes de cozinha de alguns dos mil e cem restaurantes aderentes.

O programa dos fins-de-semana gastronómicos prolonga-se até 5 de Junho, passando pela quase totalidade dos concelhos a Norte do Douro, prolongando assim a iniciativa que se realizava na antiga Região de Turismo do Alto Minho.

Do cardápio fazem parte mais de 140 iguarias diferentes que constam da brochura ontem apresentada, onde, além do calendário, se descrevem as potencialidades turísticas de cada concelho e consta uma lista dos restaurantes aderentes em cada município.

“Queremos dizer ao país, ao mundo, aos vizinhos, aos galegos e aos de Castela e de Leão que não há muitas voltas a dar à cabeça para comer bem todos os fins-de-semana” — começou por lembrar Júlio Meirinhos, vice-presidente da ERTPN.

Júlio Merinhos destacou o elevadíssimo grau de satisfação — 93 por cento — dos turistas que visitam o Porto e Norte de Portugal, para acreditar no sucesso deste programa em que “cada município há-de ter um motivo para captar visitantes pelo estômago e pela boca e as suas riquezas culturais e monumentais”.

Amadeu Portilha lembrou as características do turismo minhoto como a tradição, a descoberta, o degustar, o paladar, a cultura, o entretenimento, o sabor e o acolhimento das pessoas para se confessar confiante no sucesso deste programa.

Aludiu também à criação de 55 lojas turísticas inter-activas que são mais outro elemento inserido na estratégia de dinamização turística deste espaço regional.



O presidente da ERTPN não escondeu o optimismo com que olha para o futuro, porque é “um factor de sucesso, de crescimento económico”, revelando números recentes que apontam a Porto e Norte como a “única região de sucesso em 2010, no investimento, há 17 meses”.

A região “cresceu acima da média nacional em termos de receitas” e é apontada como uma das “dez soluções onde o país dá cartas” — numa citação ao trabalho do semanário Expresso.
Quanto aos fins-de-semna gastronómicos, Melchior Moreira sublinhou que há mais concelhos aderentes que podem ver os seus fluxos turísticos aumentados nas épocas baixas.